COCA-COLA, CRIANÇAS
Uma época não bebíamos, nem ele nem eu. E era Ouro Preto. Então saíamos juntos e tomávamos porres homéricos de Coca-Cola. Adriano, garçom do Barroco, parava na mesa, oferecia uma 'com mel. Se ria. Lembrávamos sempre da história do Vinícius indo parar de beber em Ouro Preto. Tomava suco de laranja, mas pagava o garçon escondido pela vodka. Era pra enganar os amigos.
Falávamos de filosofia e o escambau. Voltávamos embriagados, não de vinho, mas de idéias.
(Lembra Max? "E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso. Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.")
Então dia desses recebi um email do Max:
"Seinfeld dizia que ser pai traz uma sensação de poder, de olhar de cima pra baixo para o resto dos mortais e dizer "EU sei fazer as minhas próprias pessoas"... Aí, domingo fui buscar uma amiga que estava fazendo concurso na UFMG, e sentei debaixo de uma árvore pra tomar sol, de olhos fechados – veio um porcariinha de dois anos e sentou no meu colo! E a irmã com asas, acho que da primeira comunhão ou algo assim: peguei o mocinho e fiz avião com ele. Ah, pra quê: vieram TODOS os meninos que estavam lá pra eu “ensinar a voar”. Deu vontade de roubar um pra mim e sair correndo. Ontem fui ver o Forrest Gump de novo, adoro aquelas cenas finais com o mininim dele. Acho que eu é que vou começar a pensar em fazer minhas próprias pessoas - daqui a uns anos, acho, quando tiver tempo de passar boa parte do dia brincando e contando histórias, que vou aproveitar pra ter infância de novo.
E só por isso falemos de novo de quarto de criança. Pra dar um empurrãozinho...
Falávamos de filosofia e o escambau. Voltávamos embriagados, não de vinho, mas de idéias.
(Lembra Max? "E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso. Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.")
Então dia desses recebi um email do Max:
"Seinfeld dizia que ser pai traz uma sensação de poder, de olhar de cima pra baixo para o resto dos mortais e dizer "EU sei fazer as minhas próprias pessoas"... Aí, domingo fui buscar uma amiga que estava fazendo concurso na UFMG, e sentei debaixo de uma árvore pra tomar sol, de olhos fechados – veio um porcariinha de dois anos e sentou no meu colo! E a irmã com asas, acho que da primeira comunhão ou algo assim: peguei o mocinho e fiz avião com ele. Ah, pra quê: vieram TODOS os meninos que estavam lá pra eu “ensinar a voar”. Deu vontade de roubar um pra mim e sair correndo. Ontem fui ver o Forrest Gump de novo, adoro aquelas cenas finais com o mininim dele. Acho que eu é que vou começar a pensar em fazer minhas próprias pessoas - daqui a uns anos, acho, quando tiver tempo de passar boa parte do dia brincando e contando histórias, que vou aproveitar pra ter infância de novo.
E só por isso falemos de novo de quarto de criança. Pra dar um empurrãozinho...
COCA-COLA, CRIANÇAS
Reviewed by vivianne pontes on
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Uma época não bebíamos, nem ele nem eu. E era Ouro Preto. Então saíamos juntos e tomávamos porres homéricos de Coca-Cola. Adriano, garçom do...
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