MURANO E OS ESPELHOS VENEZIANOS
Daí que eu comecei a me interessar por essa coisa de decoração há pouco tempo, né. Então, ainda sou ignorante (no sentido mais literal da palavra, o de ignorar mesmo) pra um monte de coisas. O tal espelho veneziano era uma delas. Mesmo com a fotinha do post, eu ainda não tinha chegado a uma conclusão do que era direito. É nessa hora que entra o oráculo Google pra ajudar. Vi um monte de fotos e acho que estou começando a fazer uma ideia do que seja um espelho veneziano. Porém, Vivi, se você - no melhor estilo "tia da escola" - puder dar uma pincelada nas características de um espelho veneziano só pra me ajudar a formar melhor a ideia, vai ser ótimo! Kel Sodré
Eu já queria fazer isso há tempos. Até falei com a Ester, que coleciona muranos e tem vários Seguso. Aí veio a Kel pedir, e como já tô devendo um monte de resposta pra ela, bora lá.
Veneza é aquela cidade das gôndolas, das pombas da piazza de San Marco, das máscaras. E isso você sabe. O que você não sabe é que eu tive a sorte de descansar de viagem e curtir uma preguiça em Padova. E Padova fica ali, coladinha em Veneza, pra onde eu fui muitas vezes. Então o que vou te contar não é só de ouvir falar.
De Padova eu ia pra Veneza de trem, e a Murano de barco. Isso aí, Murano é um lugar, uma das ilhas de Veneza.
Agora senta, que lá vem História. Quando Constantinopla foi saqueada em 1204, alguns artesãos fugiram pra Veneza. E isso aconteceu novamente quando os otomanos tomaram Constantinopla em 1453.
Mas por que se concentraram em Murano? 1- Os venezianos eram comerciantes, estavam sempre ali por Constantinopla, e valorizavam os artesãos. 2- Uma vez em Veneza, os refugiados eram proibidos de deixar a cidade*. 3- Veneza tinha - e ainda tem - muitos edifícios de madeira e material ‘queimável’, e as fundições foram proibidas. Logo, tinham que sair de Veneza mas não podiam sair dos limites da cidade-estado. Por isso migraram pra Murano.
Ah, as maravilhas da livre concorrência! Foi a concorrência local, junto com a concentração de especialistas, que deu o impulso aos fabricantes de vidro de Murano para desenvolverem várias tecnicas, e criarem alguns padrões. Hoje, os artesãos de Murano ainda fazem uso dessas técnicas centenárias, e em muitas oficinas é possível assisti-los trabalhar, num espetáculo quase circense.
Então, tia, como reconhecer uma peça de Murano? Não é muito fácil, porque murano é como modess e bombril: toda peça de vidro colorido e moldado é chamada de murano. Mas uma coisa que todo murano de verdade tem em comum é que se vê que não é uma peça barata, nem grosseira. A técnica dos mestres vidreiros transparece, mesmo quando a peça é de gosto duvidoso. (Bota reparo nesse cisne!)
E o que tem os espelhos venezianos a ver? Well, espelho é vidro, e nesse caso têm a mesma origem, mesmo lugar, mesmo apuro técnico. E mesmo preço alto.
Então veja bem, se você encontrar um espelho veneziano numa loja por R$500,00, pode ter certeza: de veneziano ele não tem nem as penas. É estilo veneziano. E não tem o mesmo acabamento de lapidação perfeita das arestas.
Era o que tinha pra hoje. E se você quiser saber mais sobre a história de Veneza, tia Wiki te conta.
Eu já queria fazer isso há tempos. Até falei com a Ester, que coleciona muranos e tem vários Seguso. Aí veio a Kel pedir, e como já tô devendo um monte de resposta pra ela, bora lá.
Veneza é aquela cidade das gôndolas, das pombas da piazza de San Marco, das máscaras. E isso você sabe. O que você não sabe é que eu tive a sorte de descansar de viagem e curtir uma preguiça em Padova. E Padova fica ali, coladinha em Veneza, pra onde eu fui muitas vezes. Então o que vou te contar não é só de ouvir falar.
De Padova eu ia pra Veneza de trem, e a Murano de barco. Isso aí, Murano é um lugar, uma das ilhas de Veneza.
Agora senta, que lá vem História. Quando Constantinopla foi saqueada em 1204, alguns artesãos fugiram pra Veneza. E isso aconteceu novamente quando os otomanos tomaram Constantinopla em 1453.
Mas por que se concentraram em Murano? 1- Os venezianos eram comerciantes, estavam sempre ali por Constantinopla, e valorizavam os artesãos. 2- Uma vez em Veneza, os refugiados eram proibidos de deixar a cidade*. 3- Veneza tinha - e ainda tem - muitos edifícios de madeira e material ‘queimável’, e as fundições foram proibidas. Logo, tinham que sair de Veneza mas não podiam sair dos limites da cidade-estado. Por isso migraram pra Murano.
Ah, as maravilhas da livre concorrência! Foi a concorrência local, junto com a concentração de especialistas, que deu o impulso aos fabricantes de vidro de Murano para desenvolverem várias tecnicas, e criarem alguns padrões. Hoje, os artesãos de Murano ainda fazem uso dessas técnicas centenárias, e em muitas oficinas é possível assisti-los trabalhar, num espetáculo quase circense.
Então, tia, como reconhecer uma peça de Murano? Não é muito fácil, porque murano é como modess e bombril: toda peça de vidro colorido e moldado é chamada de murano. Mas uma coisa que todo murano de verdade tem em comum é que se vê que não é uma peça barata, nem grosseira. A técnica dos mestres vidreiros transparece, mesmo quando a peça é de gosto duvidoso. (Bota reparo nesse cisne!)
E o que tem os espelhos venezianos a ver? Well, espelho é vidro, e nesse caso têm a mesma origem, mesmo lugar, mesmo apuro técnico. E mesmo preço alto.
Então veja bem, se você encontrar um espelho veneziano numa loja por R$500,00, pode ter certeza: de veneziano ele não tem nem as penas. É estilo veneziano. E não tem o mesmo acabamento de lapidação perfeita das arestas.
Era o que tinha pra hoje. E se você quiser saber mais sobre a história de Veneza, tia Wiki te conta.
MURANO E OS ESPELHOS VENEZIANOS
Reviewed by vivianne pontes on
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Daí que eu comecei a me interessar por essa coisa de decoração há pouco tempo, né. Então, ainda sou ignorante (no sentido mais literal da pa...
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