A casa de Cora Coralina
No início do ano, a Ana saiu correndo na minha frente, no CCBB. Voltou logo. Mas por que Ana? "Aquela sala é sem graça". Não podia ser, era a mostra de Cora Coralina. Vamos comigo então, e pedi pra ela fechar os olhos.
Então contei pra ela, que Cora Coralina se chamava Ana, e que Cora Coralina era um apelido de faz-de-conta. De verdade era Aninha, quinem ela. E que Aninha morou numa cidade antiga, numa casa à beira da ponte. Poucos pertences, uma máquina de costura, um barulho de rio.
Pensa que você é ela. Te dá vontade de que? Com esse sol claro de cegar os olhos entrando pelas janelas grandes? "De dançar."
Pois poesia é uma forma de dançar. Uma forma antiga de dançar. Um modo quase esquecido de dançar.
E fazer doces, também é outra forma de poesia, mas de um tipo que enche a barriga. (E um pouquinho os bolsos.)
E Aninha era quituteira de primeira. Tem até livro de receitas! Então que ela olhasse de novo, e enxergasse como ela, a vida pela janela, a luz pelo gradil da ponte.
E a Aninha, a minha, saiu de lá dizendo que essa era uma das melhores exposições que já tinha visto. O segredo é como você conta a história. Ou, pra citar: "Poesia... não, um modo diferente de contar velhas histórias."
♥ Tem uma foto da mostra aqui. As fotos que ilustram esse post são desse site.
A casa de Cora Coralina
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No início do ano, a Ana saiu correndo na minha frente, no CCBB. Voltou logo. Mas por que Ana? "Aquela sala é sem graça". Não po...
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