Eileen Gray
O que se esperava de uma mulher inglesa que nascesse no fim do século 19? Casar por volta dos 15, 16 anos e passar o resto da vida sendo esposa e mãe amantíssima. Pois Eileen Gray não fez nada disso - e com o total apoio da família!
Ela nasceu numa família de posses. Seu pai era pintor, e cedo descobriu e incentivou a vocação artística da filha. Eileen estudou na Slade School for Fine Arts em Londres, e se mudou para Paris em 1902. Conheceu Sugawara-san, um mestre japonês na arte da laca, radicado em Paris e, com ele, aprendeu os segredos da laca japonesa: seu trabalho delicado e luxuoso em móveis e paineis decorados neste estilo teve grande aceitação.
Eileen era uma mulher à frente do seu tempo; cansada dos excessos da art-noveau, estudou arquitetura e logo se destacou entre os modernistas. Quem mais conseguiria se inspirar no boneco dos pneus Michelin e criar uma cadeira elegante?
Eileen Gray tinha um olhar refinado não só para os móveis, mas para a vida como um todo. A mesinha de altura ajustável E1027 foi inspirada em sua irmã, que adorava tomar café na cama :)
Eu fiquei encantada com a cadeira Roquebrune, de 1932: uma obra modernista, claro, linhas retas, aço, couro. Mas ela traz uma uma delicada surpresa na parte de trás :)
Eileen Gray também criou uma das casas mais famosas do modernismo: a Ville E.1027. Localizada em Roquebruque, uma praia na Cote d’ Azur, França, a casa tem o telhado reto tão presente nas residências modernistas (mas, no seu caso, ele deu certo), janelas que iam do chão ao teto, enchendo a casa de luz natural.
Uma aura poética e trágica envolve a E.1027. Ela foi construída com e para seu amante Jean Badovici em 1929. Tendo construído a casa como um refúgio romântico, Gray acabou se separando de Badovici.
Le Corbusier visitou a Villa E.1027 e ficou impressionado. Pintou murais em suas paredes (que aparecem na foto) e, com isso, ganhou uma bela briga com Eileen, que achou sua intervenção desastrosa. O fato é que por um período a E.1027 tornou-se conhecida como a casa de Le Corbusier, enquanto Gray caia na obscuridade.
A Ville E.1027 foi declarada um monumento nacional da França, e está sendo restaurada. Nas palavras de Eileen Gray, esta casa traz "o mínimo de espaço e o máximo de conforto".
Eileen Gray morreu aos 98 anos em, 1976, depois de uma vida inteira dedicada ao seu trabalho. Mesmo sendo uma das mulheres de maior influência no movimento modernista, sua obra começou a ter o devido reconhecimento apenas depois que ela faleceu.
Em 2007, sua cadeira Dragon, de seu período pré-modernista (1917/1919), parte da coleção particular de design de Yves Saint-Laurent, um de seus maiores admiradores, foi vendida por 21,9 milhões de euros. E não, eu não errei o lugar da vírgula.
♥ A série Clássicos do Design é patrocinada pela Essência Móveis, que tem várias dessas peças de mobiliário, inclusive miniaturas.
Ela nasceu numa família de posses. Seu pai era pintor, e cedo descobriu e incentivou a vocação artística da filha. Eileen estudou na Slade School for Fine Arts em Londres, e se mudou para Paris em 1902. Conheceu Sugawara-san, um mestre japonês na arte da laca, radicado em Paris e, com ele, aprendeu os segredos da laca japonesa: seu trabalho delicado e luxuoso em móveis e paineis decorados neste estilo teve grande aceitação.
Eileen era uma mulher à frente do seu tempo; cansada dos excessos da art-noveau, estudou arquitetura e logo se destacou entre os modernistas. Quem mais conseguiria se inspirar no boneco dos pneus Michelin e criar uma cadeira elegante?
Eileen Gray tinha um olhar refinado não só para os móveis, mas para a vida como um todo. A mesinha de altura ajustável E1027 foi inspirada em sua irmã, que adorava tomar café na cama :)
Eu fiquei encantada com a cadeira Roquebrune, de 1932: uma obra modernista, claro, linhas retas, aço, couro. Mas ela traz uma uma delicada surpresa na parte de trás :)
Eileen Gray também criou uma das casas mais famosas do modernismo: a Ville E.1027. Localizada em Roquebruque, uma praia na Cote d’ Azur, França, a casa tem o telhado reto tão presente nas residências modernistas (mas, no seu caso, ele deu certo), janelas que iam do chão ao teto, enchendo a casa de luz natural.
Uma aura poética e trágica envolve a E.1027. Ela foi construída com e para seu amante Jean Badovici em 1929. Tendo construído a casa como um refúgio romântico, Gray acabou se separando de Badovici.
Le Corbusier visitou a Villa E.1027 e ficou impressionado. Pintou murais em suas paredes (que aparecem na foto) e, com isso, ganhou uma bela briga com Eileen, que achou sua intervenção desastrosa. O fato é que por um período a E.1027 tornou-se conhecida como a casa de Le Corbusier, enquanto Gray caia na obscuridade.
A Ville E.1027 foi declarada um monumento nacional da França, e está sendo restaurada. Nas palavras de Eileen Gray, esta casa traz "o mínimo de espaço e o máximo de conforto".
Eileen Gray morreu aos 98 anos em, 1976, depois de uma vida inteira dedicada ao seu trabalho. Mesmo sendo uma das mulheres de maior influência no movimento modernista, sua obra começou a ter o devido reconhecimento apenas depois que ela faleceu.
Em 2007, sua cadeira Dragon, de seu período pré-modernista (1917/1919), parte da coleção particular de design de Yves Saint-Laurent, um de seus maiores admiradores, foi vendida por 21,9 milhões de euros. E não, eu não errei o lugar da vírgula.
♥ A série Clássicos do Design é patrocinada pela Essência Móveis, que tem várias dessas peças de mobiliário, inclusive miniaturas.
Eileen Gray
Reviewed by stella on
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O que se esperava de uma mulher inglesa que nascesse no fim do século 19? Casar por volta dos 15, 16 anos e passar o resto da vida sendo ...
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